Na próxima terça-feira, 24 de
abril, às 15 e às 19h o Cine Teatro Lauro de Freitas, exibe dois
documentários, que falam sobre a realidade do povo nordestino. Os filmes são Paixão e Guerra no ertão de Canudos, do
baiano Antônio Olavo, realizado em 1993 e A Musa do Cangaço, do sergipano José
Umberto Dias, filmado em 1982. A classificação dos filmes é 12 anos. A entrada
é franca. A ação é da Secretaria de Cultura do Estado, através da Diretoria de Espaços Culturais
(DEC), responsável pela administração geral dos espaços culturais,
espalhados em Salvador, Região Metropolitana e interior.
DADA E CORISCO |
Paixão e Guerra no Sertão de
Canudos, conta a epopeia sertaneja de Canudos, no percurso de 180 cidades e
povoados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia. A obra reúne depoimentos de
parentes de Antônio Conselheiro, líder do Movimento de Canudos, contemporâneos
da guerra, filhos de lideres guerrilheiros, historiadores, religiosos e
militares. A obra tem cerca de 98min de duração.
A Musa do Cangaço, traça um panorama sobre a presença da mulher no mundo do cangaço, a partir do depoimento feito por Dadá, mulher de Corisco, cangaceiro de Lampião. Ela fala sobre a organização interna do bando, táticas de guerrilhas, códigos de honra e amores dos cangaceiros.
Sugestão de trabalho para o professor e professora
Antes de trazer os estudantes para assistirem os documentários seria interessante que os professores falassem sobre a história da Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos. Confronto ocorrido de 1896 a 1879, na cidade na localidade de Canudos, interior da Bahia. O evento aconteceu entre o Exército Brasileiro e os integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro.
A região de Canudos,
historicamente era caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e
desemprego crônico, no final do século XIX passava por uma grave crise
econômica e social. Milhares de sertanejos e ex-escravizados partiram para
Canudos, de várias cidades nordestinas. Estes eram liderados pelo peregrino e
místico Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido por Antônio Conselheiro. Eles
acreditavam na crença de uma salvação milagrosa que pouparia os humildes
habitantes do sertão dos flagelos do clima quente e da exclusão econômica e
social.
Cena do Filme Canudos
Os grandes fazendeiros da região,
uniram-se a Igreja Católica e iniciaram um forte grupo de pressão junto à
República recém-criada, pedindo que fossem tomadas providências contra Antônio
Conselheiro e seus seguidores. Criaram-se boatos de que Canudos se armava para
atacar cidades vizinhas e a partir em direção à capital para depor o Governo
Republicano e restaurar a Monarquia.
Três expedições militares foram
mandadas para destruir Canudos, mas foram derrotadas. E isso apavorou a opinião
pública, que acabou exigindo a destruição do arraial, dando legitimidade ao
massacre de cerca de 20 mil sertanejos. Estima-se que cinco mil militares
tenham morrido. A terminou em 1879, com a destruição completa de Canudos, a
degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as casa do
Arraial.
A Questão do Cangaço
Foi um fenômeno ocorrido no
nordeste brasileiro em meados do século XIX ao inicio do século XX. O cangaço
tem suas origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro,
caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados:
Assaltavam fazendas, sequestravam
coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham
morada fixa, viviam perambulando pelo sertão brasileiro, praticando crimes,
fugindo e se escondendo.
O mais famoso cangaceiro
nordestino foi Virgulino Ferreira da Silva, "Lampião". Atuou durante as décadas
de 1920 e 30, em praticamente todos os estados do Nordeste. Era conhecido como
"Rei do Cangaço" e "Senhor do Sertão". Foi assassinado em 28 de julho de 1938, em
Angicos, no estado de Sergipe. Ele foi morto num emboscada juntamente com
outros nove cangaceiros, inclusive sua
companheira denominada de Maria Bonita.
Mas antes dele houveram outros
famosos. Jesuino Alves de Melo Calado, "Jesuino Brilhante", que agiu
por volta de 1870, embora alguns pesquisadores atribuam a Lucas Evangelista o
feito de ser o primeiro a agregar um grupo característico de cangaço, em Feira
de Santana, na Bahia, entre 1828. O último grupo cangaceiro famoso porém foi o
de "Corisco", Cristiano Gomes da Silva Cleto, que foi assassinado em
25 de maio de 1940. Sua esposa Sérgia Ribeiro da Silva, faleceu em 1994, no
bairro de Mussurunga, em Salvador, Bahia.
Reflexão: Fenômenos Distintos
Mais Causas Semelhantes
A Guerra de Canudos e o fenômeno
do cangaço têm algumas características históricas e sociais semelhantes: O
cenário da pobreza, da seca, da prepotências dos poderosos da terra (coronéis e
grandes fazendeiros) e a exclusão das comunidades mais pobres.
O cangacerismo pode ser encarada
como uma reação dos mais pobres e esquecidos aos desmandos dos poderosos das
áreas rurais , que muitas vezes se apossavam dos poucos bem dos mais miseráveis
para a expansão de suas terras e dos seus negócios e mesmo das mocinhas mais
belas, das famílias pobres. Matar, saquear seria uma reação para resgatar uma
situação de humilhação.
O Arraial de Canudos era o sonho
de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos teriam um pedaço de terra
para morar, plantar e viver dos produtos da terra. A sociedade utópica de
Canudos foi barbaramente dizimada pelos poderosos da recém proclamada República.
1 - O professor pode passar uma
tarefa onde os alunos poderão pesquisar sobre as causas sociais e históricas
que geraram o Movimento de Canudos e o Fenômeno do Cangaço.
2 - No cangaço, além de Maria
Bonita e Dadá, outras mulheres participaram do fenômeno. O aluno poderá fazer
uma pesquisa sobre como era a participação da mulher no cangaço, além de listar
o nome de outras mulheres que participaram do movimento.
3 - Os alunos poderão pesquisar
sobre a existência de outros cangaceiros renomados.
4 - Pesquisar sobre filmes que
abordaram a Guerra de Canudos e o cangaço. E também a literatura de cordel, que
tradicionalmente faz abordagem sobre Lampião e outros cangaceiros e sobre a
Guerra de Canudos. Na Biblioteca Central (Barris, em Salvador) tem um
Departamento de Literatura de Cordel, que tem um vasto material sobre este tipo
de arte..
5 - Estudado os dois fenômenos,
que tem suas raízes nas desigualdades sociais nordestinas O cangaço pode ser
considerado uma forma "irracional" de protesto . Vamos fazer uma
pesquisa sobre movimentos sociais atuais, que agem dentro da legalidade e
reivindicam distribuição de terras e moradias para as populações mais pobres do
país. A exemplo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dos Trabalhadores Sem
Moradia, das Comunidades Quilombolas etc.
Hamilton Vieira
Jornalista e Especialista em Educação
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